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Foto do escritorMaristela Scheuer Deves

Temática do duplo em “O fantasma da infância”




Um escritor que vive de bicos responde a um estranho classificado, e acaba vítima de sequestro. Um rico assessor de político recebe uma visita indesejada. As duas histórias – uma delas contada em primeira pessoa, a outra em terceira – dividem as páginas do livro O Fantasma da Infância (Record, 242 págs.), de Cristovão Tezza. Ou seriam, ambas, uma história só?


Quando o leitor percebe que o escritor e o assessor têm o mesmo nome, André Devinne, outra dúvida surge: estamos na presença de uma ou de duas pessoas? Aos poucos, outros elementos em comum entre eles se revelam, como Laura – nome da ex do primeiro André, e nome da mulher do outro André. E, mesmo sabendo que se trata de ficção, é impossível não começar a se indagar qual das tramas é a “verdadeira”, e o que liga as duas.


Enquanto isso, alheios à existência de seu duplo, os dois Devinne enfrentam cada um o seu próprio problema. O escritor, que pensa que finalmente poderá ganhar algum dinheiro, é mantido em cativeiro por um homem que quer que ele escreva sua história. O assessor é vítima da chantagem de um antigo amigo, que se estabelece em sua casa dizendo que, se for expulso, revelará um segredo do passado.


Assim, é tripla a motivação da leitura: saber o que acontece com um, com outro, e quem é o André Devinne “real”. Enquanto as respostas não vêm, o leitor é brindado com a prosa bem construída de Tezza, nesse livro lançado originalmente em 1994.


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