Como hoje é Halloween, resolvi trazer aqui algumas dicas de livros de terror, tanto para adultos quanto para crianças – afinal, são elas que mais festejam o “Dia das Bruxas”.
Lugares longínquos, monstros indescritíveis, loucura e uma sensação de horror crescente são os elementos principais de H.P. Lovecraft: Medo Clássico (Darkside, 416 páginas), uma edição de luxo que reúne nove contos de Howard Phillips Lovecraft, um dos maiores escritores do gênero em todos os tempos e criador do “horror cósmico”. Ali estão, por exemplo, a monstruosidade de Dagon, de O Chamado de Cthulu e de O Cão de Caça, e o horror mais palpável de Herbert West: Reanimator e de A Cidade Sem Nome. O Depoimento de Randolph Carter, Nas Montanhas da Loucura, A Sombra Vinda do Tempo e A História de Necromicon (o livro maldito que é um dos elementos da mitologia lovecraftiana) completam a seleção. Não bastassem essas narrativas perturbadoras, recheadas de criaturas e acontecimentos bizarros, o livro traz ainda três ensaios sobre a vida e a obra de Lovecraft e reproduções de anotações inéditas do autor.
Falando em clássicos, nesta lista não poderia faltar Cujo, de outro mestre do terror, Stephen King. O meu livro é em inglês (Warner Bookds, 346 páginas), pois por muito tempo a obra esteve esgotada no Brasil – foi relançada não faz muito tempo, para alegria dos fãs. Para quem não conhece a história, uma pista está no título de uma antiga edição em português, Cão Raivoso. E é isso mesmo: aqui não temos monstros ou seres sobrenaturais, apenas um enorme cachorro da raça São Bernardo que, contaminado pela raiva, ataca primeiro seu dono, depois outras pessoas. O terror psicológico é construído não nesses ataques, mas sim quando uma mulher, Donna, chega ao local com seu filho e depara com o cão enlouquecido. Eles não podem sair do carro, sob o risco de serem estraçalhados, e ao mesmo tempo o carro não funciona, então não podem ir embora. Sob um forte calor, no carro fechado, sem água, as horas vão passando e a tensão só aumenta...
Outro autor imperdível para quem gosta do gênero é Joe Hill. Quando li um livro dele pela primeira vez – Nosferatu, que não está nesta foto e do qual não vou falar muito porque não consegui encontrar meu exemplar –, eu senti que tanto a história quando a maneira de escrever tinham uma extraordinária semelhança com as obras de King. Depois descobri que talvez seja porque o dom de contar histórias perturbadoras está no sangue: Joe Hill é filho de Stephen King, embora não adote seu sobrenome ao assinar as obras. Mas vamos aos livros. A Estrada da Noite (Sextante, 320 páginas) nos apresenta um roqueiro cinquentão, Judas Coyne, cujo passatempo (além de namorar jovens beldades) é colecionar objetos macabros. Num leilão pela internet, ele compra o paletó de um morto, que supostamente vem com o seu fantasma junto. O problema é que o fantasma realmente vem junto, e mais: é o fantasma de alguém que tinha bons motivos para querer se vingar dele.
Ainda de Joe Hill, outra dica de leitura é Tempo Estranho (Harper Collins, 448 páginas), coletânea de quatro novelas que se sustentariam muito bem se publicadas individualmente. A primeira é Instantâneo, na qual um garoto encontra uma máquina fotográfica cujas fotos mostram memórias de quem é fotografado – memórias essas que, uma vez colocadas no papel, se esvaem da mente da pessoa. Depois vem Carregado, uma história mais realista sobre preconceito, decisões erradas e violência gerando cada vez mais violência. Nas Alturas, o terceiro texto, retoma uma linha mais sobrenatural, quase onírica até: ao saltar de paraquedas, um homem cai sobre uma nuvem que não é exatamente uma nuvem, e que procura lhe dar tudo o que ele deseja ou necessita – menos a liberdade. A quarta e mais aterrorizante das novelas é Chuva, trama em que um céu carregado despeja não água, mas agulhas afiadas cada vez maiores e mais mortíferas.
Deixando de lado os autores norte-americanos e vindo para os brasileiros (mais precisamente, para os gaúchos), temos Lauren (Caos & Letras, 228 páginas), do qual já falei por aqui antes, mas que vale repetir pela data, e também pelo fato de o livro ser finalista do Prêmio Jabuti, como também já havia noticiado. O livro de estreia de Irka Barrios traz uma personagem adolescente, homônima ao título, que precisa conviver ao mesmo tempo com as transformações típicas da idade, o bullying na escola e o fanatismo religioso da mãe, tudo temperado com toques de sobrenatural. A história começa com Lauren fugindo de um grupo de fanáticos, depois volta um pouco no tempo para sabermos o que está acontecendo e como chegou até ali.
Passo agora às dicas para os leitores mais novos. A Casa Sinistra (Moderna, 96 páginas), de Lourenço Cazarré, traz uma narrativa-moldura de alguém que rememora histórias assustadoras de sua infância, todas ligadas a um sinistro casarão. Dentro dessa moldura estão as histórias principais: A menina que não quis ir para o céu, sobre uma garotinha que se recusa a morrer; O homem que viajou com os marcianos, com a explicação de como o zelador do casarão conseguiu a cicatriz que carrega no rosto; e A garotinha loira, sobre o fantasma que supostamente assombra o lugar.
Por fim, a última dica de hoje é um livro de minha autoria, Uma Cidade Desassombrada (AGE, 24 páginas), voltado à gurizada entre sete e 11 anos. É a história de Vítor, um menino cujo desejo por conhecer um fantasma o leva a oferecer sua casa como moradia a um fantasma sem teto. As ilustrações são de Karen Basso.
Por hoje era isso, e fica o convite para conferir também os posts anteriores do blog. Tem muita sugestão de leitura interessante!
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