“No início dos tempos, havia apenas uma disforme esfera oval, duplamente maior do que a Terra, flutuando, plácida e silenciosa, no negro infinito. Vida alguma abrigava em seu abaulado ventre e astro algum iluminava o céu para além dessa longínqua esfera, solitária como uma medusa perdida num mar escuro e vazio”.
O trecho acima é de um dos textos do livro As Melhores Histórias da Mitologia Japonesa, de Carmen Seganfredo, lançado em 2011 pela editora gaúcha Artes e Ofícios – e que, juntamente com outro livro da mesma autora lançado no ano seguinte, As Melhores Lendas Japonesas, eu selecionei para abrir a “maratona” de dicas de leitura diárias que vou fazer este mês aqui no blog.
As duas obras, que têm respectivamente 208 e 312 páginas, trazem no seu conjunto mais de uma centena de narrativas as quais resgatam lendas e mitos da terra do sol nascente, temperadas com a escrita de Carmen, que usou a criatividade para preencher eventuais lacunas dos contos tradicionais.
Seja o leitor já acostumado a alguns aspectos da cultura japonesa – afinal, como lembra a autora, as gerações mais recentes cresceram cercados por desenhos animados, mangás e jogos vindos desse país –, seja ele um “novato” no tema, é impossível não se deslumbrar o desfile de personagens como os kami (deuses habitantes), os samurais, os sábios imortais e as yamabá (bruxas da montanha), entre diversos outros, a maior parte deles, seres sobrenaturais.
O primeiro livro, As Melhores Histórias da Mitologia Japonesa, é aberto com relatos sobre “início de tudo”. Da criação da Via Láctea à instalação do panteão divino no céu japonês, as histórias sobre deuses e seus feitos se sucedem em 32 histórias, incluindo ainda disputas, guerras, assassinatos, perseguições e até mortos-vivos. Espadas, príncipes e dragões também passeiam pela obra, que termina com as quase 50 páginas de “A Vingança dos 47 Ronin de Ako”, uma versão da lenda histórica que muitos conhecem por meio do cinema.
Já em As Melhores Lendas Japonesas, o leitor é brindado com 77 histórias que trazem de monges bêbados a carvoeiros, de mortais que roubam esposas de desses a gatos vampiros, de donzelas a espíritos sagrados, de videntes a generais, de serpentes assassinas a devoradores de cadáveres. Os animais do horóscopo japonês, sonhos e sonâmbulas, casamentos e buscas de tesouros, lutadores de sumô e magos são outros elementos que reforçam a lista de atrativos do livro.
Ao final de cada um dos volumes, há ainda glossários com os termos japoneses utilizados.
Enfim, são duas obras para se ir degustando aos pouquinhos, absorvendo toda a diversidade e riqueza da cultura oriental.
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Gostou? Amanhã tem mais sugestão de leitura por aqui. Te aguardo!
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