Nesta parte final da “série”, trago aqui alguns thrillers muito bons que li nos últimos anos – não foram os únicos, mas, mais uma vez, dão uma pista do que você pode encontrar quando se trata de histórias de crime e suspense escritas por mulheres.
Começo por uma autora best-seller, Paula Hawkins, nascida no Zimbábue mas radicada em Londres. Mesmo quem não conhece seu nome provavelmente já ouviu falar de A Garota no Trem (Record, 378 págs.), seu primeiro livro. A trama sobre a alcoólatra Rachel, que vê o que pensa ser um assassinato da janela do trem, virou sucesso imediato e foi adaptada para o cinema. Cheio de nuances e reviravoltas, é um romance que prende do início ao fim. Da mesma autora, outra história em que as coisas (e as pessoas) não são o que parecem é Em Águas Sombrias (Record, 364 págs.), em que uma mulher, Jules, volta a sua cidade natal após a morte da irmã, com quem não falava há tempos, e se nega a aceitar que ela tenha se suicidado, como todos dizem. De quebra, ainda precisa cuidar da sobrinha adolescente e enfrentar acontecimentos do passado.
Outro thriller que ganhou as telas – desta vez, como série da HBO – é Objetos Cortantes/Sharp Objects (Intrínseca, 256 págs.), da norte-americana Gillian Flynn (a mesma autora de Garota Exemplar). A heroína da vez é Camille, uma repórter que volta a sua cidadezinha (como se vê, voltar à origem é algo recorrente na ficção) para investigar o assassinato de uma menina e o desaparecimento de outra. Assim como no livro acima, também aqui essa volta é temperada de más lembranças. Em meio ao relacionamento difícil com a mãe dominadora e a irmã que mal conhece, Camille tenta escrever suas matérias e lidar com uma compulsão: cortar-se.
Também recheado de suspense é Eu Sei Onde Você Está (Intrínseca, 304 págs.), da norte-americana radicada na Inglaterra Claire Kendal. O romance, estreia da autora na literatura, nos apresenta Clarissa, uma mulher que, após passar uma noite com um desconhecido, passa a ser perseguida por ele, que lhe manda bilhetes e presentes e abarrota sua caixa postal de mensagens. Na tentativa de escapar, ela se voluntaria para participar de um júri, pensando que estará segura. Nem isso adianta, porém, e ela fica presa entre a necessidade de escapar e de provar que está em perigo. Capítulo a capítulo, a tensão só aumenta, e a alternância entre a primeira e a terceira pessoa (no correr do livro, o leitor vai saber o motivo) contribui para a sensação de que o perigo está próximo.
Em O Que os Mortos Sabem (Record, 480 págs.), da norte-americana Laura Lippman, uma mulher acorda no hospital, após se envolver em um acidente, e diz à polícia que é Heather Bethany, desaparecida 30 anos antes juntamente com sua irmã Sunny, enquanto as duas passeavam em um shopping. Embora ela saiba muito sobre a família e sobre o dia em que ocorreu o desaparecimento, ela não tem provas. A intercalação de presente e passado e as contradições da mulher criam a dúvida: será ela quem diz ser? E o que, afinal, aconteceu naquele dia, tanto tempo atrás?
Vertigem (Harlequim, 464 págs.), da também norte-americana Erica Splindler, é outra história em que o passado tem muito a ver com o presente. A protagonista da trama é Anna North, uma escritora de sucesso que, na infância, sobreviveu a um sequestro e precisou mudar de nome. Agora ela vive tranquila, até que cartas de uma fã de 11 anos que parece estar em perigo começam a mexer com sua vida. Para piorar a situação, uma vítima de assassinato é encontrada sem o dedo mínimo – e Anna tem a certeza de que o assassino é o seu antigo sequestrador, que cortara o mesmo dedo dela.
E já que no primeiro post abri com uma inglesa, encerro a série com outra: Minette Walters, uma das novas “rainhas britânicas do suspense”. Raposa à Espreita (Bertrand Brasil, 448 págs.) une o who-do-it ao melhor do thriller, mostrando que os prêmios recebidos pela autora no seu país natal e nos EUA (entre eles, o Edgar Allan Poe, voltado aos melhores livros de suspense) têm razão de ser. O romance parte da morte de uma idosa, mulher de um rico proprietário de terras. Embora a princípio a investigação diga que a causa foi natural, boatos começam a se espalhar, culpando o marido. Com isso, muitos segredos vêm à tona, como uma criança ilegítima e brigas de família. O fato de o acusado não se defender aumenta a desconfiança, lembrando mais uma vez que nem sempre as coisas (e as pessoas) são o que parecem.
Bem, fico por aqui com a minha seleção de romances policiais e thrillers escritos por mulheres. Repito o que tenho dito, há muitas autoras mais, e outros livros dessas que citei. Como optei por aquelas obras que eu tinha a mão, ficaram de fora, por exemplo, a excelente Patricia Highsmith, autora de O Talentoso Ripley; Patricia Cornell, cujos romances são protagonizados pela médica legista Kay Scarpetta; Karin Slaughter, de quem li vários thrillers em ebook; entre outras. E quem quiser sugerir mais nomes, é só deixar seu comentário.
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