Mexendo em minhas estantes em busca de dicas de leitura aqui para o blog, fiz duas descobertas que, na verdade, não me surpreenderam muito, mas talvez espantem alguns leitores. A primeira é que grande parte dos meus livros são ou romances policiais, ou thrillers com muito suspense. A segunda é que, destes, a maioria é escrita por mulheres.
É isso mesmo: quem pensa que literatura policial/suspense é coisa de autor masculino está redondamente enganado. Basta lembrar que Agatha Christie, a “rainha do crime”, reina absoluta quando se trata de total de exemplares vendidos mundo afora, perdendo apenas para a Bíblia. Mas ela não está sozinha no gênero. A lista é longa, por isso vou fazer apenas um apanhado geral, sugerindo alguns nomes e títulos, sem muitos detalhes – mas posso garantir que cada um deles vale a pena. Hoje, vou me concentrar em nomes que surgiram na primeira metade do século 20.
Para começar, temos as grandes escritoras britânicas. A mais famosa sem dúvida é Agatha Christie (1890-1976), com mais de 80 livros e personagens marcantes como o detetive Hercule Poirot e a simpática (e enxerida) Miss Marple – minha preferida. O Misterioso Caso de Styles, Os Crimes ABC, Depois do Funeral, Assassinato no Campo de Golfe e tantos outros, entre romances e livros de contos, são leitura certa para qualquer ocasião.
Depois vem P.D. James (1920-2014), criadora dos detetives Adam Dalgliesh e Cordelia Gray e considerada um dos principais nomes da literatura policial de todos os tempos. Dela, sugiro em especial Morte no Seminário e Pecado Original. Vale dizer que a autora, que viveu até os 94 anos, também teorizou sobre o gênero policial.
A seguir, temos Ruth Rendell (1930-2015), que, além das obras policiais com o detetive Reginald Wexford – como Unidos para Sempre e Um Assassino Entre Nós – escreveu também dezenas de livros de suspense mais psicológico, estes sob o pseudônimo Barbara Vine.
Outra representante do período áureo do gênero policial é Ngaio Marsh – que, apesar de nascida na Nova Zelândia, recebeu, como Agatha, o título de “dama” do império britânico. Ela escreveu mais de trinta livros protagonizados pelo inspetor Roderick Alleyn, e, em muitos deles, mesclava crimes e o mundo da arte. Meus livros dessa autora foram dados a um amigo, mas cito alguns títulos: Prelúdio para Matar, Artistas do Crime, Erro Fatal e A Foto Fatídica.
Saindo das terras britânicas e vindo a América, vale ler as obras da norte-americana Mary Higgins Clark (1927-2020), que morreu em 31 de janeiro deste ano, aos 92 anos. Seus livros, como Enquanto Minha Querida Dorme, Onde Estão as Crianças, A Filhinha do Papai e Na rua em que você mora, têm o suspense éo ingrediente mais forte, ou seja, podem ser considerados thrillers, em contraposição ao estilo tradicional do “who do it” das outras autoras listadas, em que o foco era descobrir o criminoso.
Um aspecto curioso em relação a essas autoras é que tanto Agatha quanto Ngaio receberam o título de dama do império britânico, enquanto P.D. James e Ruth Rendell eram baronesas. Clark, por sua vez, ostentava os títulos de dama da ordem de St. Gregory e do Holy Sepulchre, além de ter presidido o Mystery Writers of America.
Ah: não coloquei as editoras dos livros porque quase todas essas autoras têm títulos publicados por várias editoras no Brasil, além de alguns de meus exemplares serem em inglês.
Por hoje, era isso. Amanhã escrevo um pouco sobre nomes de autoras de mistério e suspense mais contemporâneas. E já estou achando o assunto não vai se esgotar em apenas dois posts...
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