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Foto do escritorMaristela Scheuer Deves

A história de uma pandemia em “Sangue de Adão”


Lançado há sete anos, livro impressiona por traçar cenário muito semelhante ao atual


Enquanto volta para casa do trabalho, um homem sintoniza as notícias no rádio do carro e ouve o locutor falar de estranhas mortes num povoado da Ásia. Por lá, diz ele, as pessoas estão desenvolvendo o que de início parece uma gripe comum, porém logo se mostra extremamente fatal e contagiosa. “Ainda bem que estamos do outro lado do mundo”, pensa o protagonista do romance Sangue de Adão (Literata, 188pág.).


Quem identificou as semelhanças entre esse início e as primeiras notícias sobre o Covid-19 deve estar pensando que este é (mais) um livro lançado na esteira da pandemia na qual estamos mergulhados. Mas não é. A obra do escritor gaúcho Márson Alquati, por mais coincidências que tenha com o que estamos vivendo – também no livro, o vírus vai se alastrar rapidamente e chegar ao mundo todo, causando milhares de mortes e uma corrida para encontrar a cura –, foi lançado há sete anos, em 2013.


Na trama, como na vida real, fronteiras são fechadas e especialistas não sabem como combater o vírus, chamado de Yama. Há ceticismo, e há medo. Há, também, uma decisão que o narrador-protagonista (a narrativa é em primeira pessoa) vai precisar tomar – uma decisão bem mais dura do que as de usar máscaras ou ficar em casa, às quais somos submetidos na atualidade.


Se já era assustador lido na época do seu lançamento – eu fui uma que pensei "ainda bem que isso é só ficção” –, lê-lo agora, e ver as coincidências com o que estamos vivenciando, impressiona. Isso, no entanto, torna a leitura de Sangue de Adão ainda mais interessante. Recomendo.


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